OBS:

Dedico minhas horas vagas a escrita. Mas a ideia de publicá-las nunca me havia ocorrido.
Assim, dedico essa história a Lorrana e a Patrícia, que me apoiaram, ajudaram e me encorajaram.
-Obrigado

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Capítulo 4 - O Velho

Nossos corações quase pararam com o susto, não sabíamos o que fazer, as meninas começaram a chorar. Pedimos que as garotas ficassem no quarto e que trancassem a porta. Khaled, Michael e eu descemos para verificar.

Khaled e eu pegamos uma pá cada um e Michael estava com o revolver que encontramos ao lado do morto.

Michael desceu as escadas na frente, bem devagar e fazendo o mínimo de ruídos possível. Quando chegou lá embaixo, acenou para descermos também. Estava muito escuro, não podíamos ver quase nada. Escorreguei a mão pela parede até sentir o interruptor.

_Se preparem. – sussurrei. – vou ligar a luz.

Michael engatilhou a arma e tocou em meu ombro. Acendi!

Um homem de aparência meio velha estava em pé com as costas na porta, como se a escorasse. Parecia estar tentando impedir algo de entrar. Estava muito sujo, com medo e muito suado.Levou um susto quando ligamos a luz. Acho que não esperava encontrar alguém ali.

Tinha a pele clara, cabelos grisalhos e olhos grandes e cansados. Aparentava ter uns 50 anos de idade, não muito velho, mas via-se as marcas que o tempo deixara em seu rosto. Seu cabelo estava todo desarrumado, a roupa estava rasgada e os pés descalços. O senhor estava ofegante, tremendo. Parecia ter visto o próprio inferno do lado de fora e agora se esforçava para mantê-lo longe.

_ Quem é você? – berrou Michael, apontando a arma para o homem.

_ Shhhh. – disse ele levando o dedo à boca. – Por favor, fale baixo. Sua voz era baixa, mas carregada de medo.

O homem abriu a porta só um centímetro para que pudesse olhar através da fresta, depois a fechou. Em seguida, muito cansado, escorregou as costas pela porta e sentou.

_Quem é você? – Repetiu Michael, porém com um tom mais calmo. Mas o homem parecia ter desmaiado.

Depois de dez minutos conseguimos reanima-lo, o levamos até a cozinha. O homem parecia morto de sede, bebeu 2 copos d’água sem pausa nem para respirar. Em seguida, encheu mais um, tomou um gole e repousou o copo na mesa à sua frente.

Parecia mais calmo, a respiração parecia ter estabilizado.

_Quem é você? – Perguntou Khaled, aproveitando a folga do velho.

_Eu sou Jorge, o  dono desta casa, garoto. Quem são VOCÊS?

Mal acreditamos no que ouvimos. Estamos loucos? Este é realmente o dono desta casa?

_Achamos que não havia dono. Toda a cidade estava vazia. Além do mais, esta era a única casa que não estava trancada. – Michael falou.

_Então vocês fazem ideia do meu susto, quando chego e encontro minha casa trancada e com estranhos?

_Desculpe, não queríamos assustá-lo – Eu disse, rapidamente. – Meu nome é John. Estes são Michael e Khaled. – Falei, apontando os companheiros, respectivamente. – Então o senhor mora aqui sozinho?

_E eu alguma hora disse que morava aqui? Eu disse que sou Dono deste lugar, não vivo aqui. Este lugar é perigoso demais para se viver. Tem mais alguém na casa, além dos três?

Subi e trouxe as meninas comigo. – Estas são Kelly e Mary.

_Pois deem o fora daqui assim que puderem. Este não é lugar para se viver. Eu vou lá para cima descansar.

_Antes que vá... – Comecei, mal sabendo como continuar. – Quando chegamos aqui, havia um corpo no corredor. Aparentemente se matara.

_Outra vez? – Mas pareceu perguntar mais a si mesmo do que para nós. Viu nossos olhos arregalarem-se assim que ouvimos, então continuou. – Vou explicar. Sempre que chego aqui, há um corpo nessa droga de casa. Gente como vocês, usam a casa para esconderem-se. A maioria se mata depois de alguns dias. Me admira estarem vivos.

_E por que se matam? – Perguntamos todos em uníssono.

_Isso já não é problema meu. De qualquer forma, se permanecerem aqui por muito mais tempo acabarão descobrindo por conta própria. Podem utilizar a casa, eu os autorizo. Só vim pegar algumas coisas, partirei à tarde. Agora vou lá para cima descansar.

E saiu a passos pesados pela escada. Khaled foi com ele, disse que não dormiu bem esta noite e tiraria mais um cochilo.

Kelly foi preparar o café da manhã. Mary se ofereceu para ajudá-la. Ovos mexidos com bacon, as garotas realmente capricharam. Porém, mal tocamos na comida, estávamos tensos demais para comer. As palavras daquele homem deixaram todo mundo abalado. “Se permanecerem aqui por muito mais tempo, acabarão descobrindo...". É, não sei se quero descobrir.

Levantei-me ainda com o prato pela metade, não tinha intenção de terminá-lo. Resolvi acordar Khaled, se não descesse logo a comida esfriaria. E só vivendo com ele para entender como ele fica de mau humor, quando a comida está fria.

Logo que eu estava saindo da cozinha para chamá-lo, um grito me fez parar. Um grito de pânico, e pedia por socorro. Vinha do andar de cima.

Era indiscutivelmente a voz de Khaled.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem." - Mario Quintana